25/10/2009

É engraçado entrar na minha casa e ver o tapete que diz "Lar feliz".

19/10/2009

Conjugando a semana

Eu choro, tu choras, ele chora. Nós choramos, vós chorais, eles choram.

Esses dias têm sido pra mim como viver no olho de um furacão. Cheguei à conclusão que a mentira é a coisa que mais tem poder de machucar o ego do ser humano, e, pra saber disso, basta ter sido enganado uma vez na vida.
(E ter mentido também.)

Eu minto, tu mentes, ele mente. Nós mentimos, vós mentis, eles mentem.

Talvez a melhor saída pra tudo seja dormir. Fechar os olhos e não ver o tempo passar, não ver o que as pessoas fazem ou deixam de fazer, não ter conhecimento de nada, até que a tempestade se acalme e tudo volte a ser como antes.
Eu nem me lembro mais como era, esse tal "antes" que agora é como um sonho, um monte de imagens e sons desconexos que aparecem e desaparecem quando querem, sem qualquer explicação.

Eu engano a mim mesma, tu enganas a si mesmo, ele engana a si mesmo. Nós enganamos a nós mesmos, vós enganais a vós mesmos, eles enganam a eles mesmos.

Afinal de contas, qual é a verdade?

18/10/2009

Ressaca moral

Foi fogo de palha.
Eles vêm, depois vão e eu nem percebo, nem faço questão disso.
Um anteontem, outro ontem, um hoje, mais um amanhã e assim até que acabe tudo.
Talvez seja melhor dessa forma, não corro riscos de viver coisas repetidas.
Fora o medo de ser sozinha e de perder meu ultimo celular, estou bem.

12/10/2009

Bad to the bone

Hoje eu acordei meio "Song 2".
Andei pela casa meio "I remeber you", mas depois sorri meio "Lucy in the sky with diamonds".
Vi umas fotos meio "Stand by me", cheguei à algumas conclusões.
Evitei com todas as minhas forças "I'm yours", "Wake me up when Setember ends" e "Try to get you".
Organizei a sala no ritmo de "Jackson", prometi pra mim mesma que "Lake Charles" é um bom lugar pra se viver e desejei um cigarro meio "Light my fire".
Me deixei ser tocada por "21 guns" e saí correndo pra "Psycho a Go Go".
Olhei pra baixo meio "Hey Jude" e agora to pensando em como terminar esse texto.
É, quero acordar meu lado "Bad to the bone".

07/10/2009

Já era hora de eu parar

É inevitável não falar sobre isso. Eu ainda encontro os resquícios de algo que acabou de começar a acabar pela casa. São cartas, fotografias, bilhetes, papéis de bala e CDs...
... e estão por todos os lados, nos lugares mais improváveis, menos visitados, mais escondidos, mais marcantes até.
Cada pedacinho de papel me faz lembrar um cheiro, um lugar, um gemido, um abraço, não esquecidos, mas que dormiam em algum lugar da mente.
De meias, ouvindo The Strokes, aquela música em que eu era um trem me movendo muito rápido e você havia me alertado sobre isso.
Não quero fazer mais nenhuma fogueira, já foram cinco no meu jardim. Quero abraçar esse monte de papel e chorar até me desfazer, mastigar todos eles, colocar pra dentro de mim, fazer ser parte de mim mais uma vez.
Já era hora de eu parar.
Agora me resta seguir sozinha.

04/10/2009

Fingindo ser o observador

To aqui na janela, olhando escondida pra menina sentada no sófá. Ela tem nas mãos um bloco de papel e uma caneta Bic. Está assistindo televisão, um canal chamado Play TV. Estão passando clipes e daqui eu a vejo anotar os nomes de cada um.
Ela tem o cabelo vermelho, na altura do ombro e usa all star preto. Está com um colar com tag da Coca-Cola, aquele escrito Light, o mais bonito de todos.
Ela olha ansiosa para o relógio o tempo todo. Se levanta, vai até o seu quarto, vai para o banheiro e de novo para a sala. Impaciente, olha pro relógio mais uma vez e conclui que já são quase seis horas. É nessa hora que começa a tocar uma música bonita, aquela chamada Lama, da banda Luxúria. Ela pega o bloco e anota o nome de mais essa. Arranca a folha com cuidado, diz algo pra mãe e está saindo de casa agora, com o seu moletom preto escrito Motorcycle. Talvez ela tenha dito que está indo pra casa de uma amiga, ou para a igreja, quem sabe.
Voltaaa, não vai embora meu amooor, sem ameaças ensaiadas na frente do espeeelho... - a TV continua ligada.

02/10/2009

A história do medo da chuva e alguns complementos

Era engraçado ter nove anos de idade. Eu fazia catequese e a professora com cara de Elaine ensinava sobre os santos. Se a gente fizesse promessa, o santo cumpria. E foi o que eu passei a fazer. Mil Pai-Nossos pro um, mil Ave-Marias pra outro e um sem tanto de Credos para os que sobrassem.
Quando eu me deitava com muito sono, juntava as mãos em posição de oração e dizia: "Deus, avisa os outros santos que vou pagar as minhas promessas." Eu nem me sentia mal caráter por isso. Só tive esse sentimento duas ou três vezes, sendo uma delas quando cocei a bunda e peguei na Bíblia depois. Que coisa mais desrespeitosa, aposto que Jesus está bravo comigo, era o que eu pensava.
Todo domingo minha avó me obrigava a ir em uma igreja assustadora, onde um monte de mulheres de meia idade, cabelos compridos e rosto oleoso gritavam durante algumas horas, na tentativa de se fazerem ser ouvidas por Deus.
Uma vez uma mulher do cabelo grisalho no comprimento do quadril, estava de costas para os fiéis, esperando a revelação que o Pai lhe faria naquela noite e com as mãos erguidas para o alto e os braços tremendo, disse que uma menininha tinha problema de rins. Senti o estômago gelar, uma vontade de vomitar ou arrotar, sei lá, olhei para os lados e só vi gente velha, só vi aqueles velhinhos que fediam pão-de-queijo e aqueles outros que ficavam com a Biblia debaixo do braço, como se tivessem medo de ser roubados. Eu, que estava catatônica, tive certeza que a tal menininha com problema nos rins era eu. Não, Deus tá me deixando doente! Comecei a chorar.
Hoje eu me lembro disso tudo e acho engraçado. Tudo passou, com exceção do medo de chuva. É que sempre que eu a minha avó íamos embora, com uma marca de cruz feita na testa com cinzas abençoadas, ventava forte e no meio da escuridão da rua que nem asfaltada era, eu via os gatos fugindo da tempestade e ouvia os trovões se aproximarem.
A ultima situação engraçada foi com doze anos, quando aceitei ir na igreja com a minha avó pra não ter que ficar olhando pra cara da minha mãe, aquela cara de quem acabou de descobrir o meu primeiro namorado e estava pronta pra me dar umas palmadas. Quando o pastor perguntou se alguém queria dizer algo, minha avó se levantou toda pomposa, de sobrancelhas feitas e unhas pintadas (mesmo após reclamar um dia inteiro de uma crente que tinha pintado o cabelo e isso não podia porque era vaidade), foi até o altar, meio rebolando e pegou o microfone. Olhou pra platéia com os olhos castanhos enormes e aquele rosto de passarinho e gritou um tanto desafinada: "Em nome de Jesus, minha neta vai ser curada! Eu acredito em milagres e essa unha dela nunca mais vai encravar!". Imediatamente, todos gritavam "Aleluia!" e "Glória a Deus!", cheios de júbilo, como diz a Biblia.
Surpreso? Eu também quase morri.

01/10/2009

Já é tudo tão prevísível...
Ouço alguma música, geralmente blues ou folk, olho pra todos os cantos da sala, percorro a casa, olho as janelas do prédio da frente e vejo que estou sozinha. Pego o binóculo, tento me aproximar ao máximo das pessoas que moram ao redor e nem mesmo subindo no parapeito da janela (nem sei se essa coisa aqui chama parapeito) e quase despencando do quarto andar, eu consigo.
Essa tal rotina é uma coisa que vai matando a gente aos poucos e pra saber disso, basta varrer a casa, lavar louça, lavar roupa, tirar poeria, lavar o banheiro, fazer comida, estudar e regar as plantas todos os dias.
Todos os dias, com exceção dos fins de semana, passo seis horas na escola. Converso com os professores, com os colegas de classe, rio bastante, olho de canto de olho o moço forte do cursinho e isso tudo é muito bom. Foda mesmo é ficar as outras vinte e duas horas do meu dia na frente do computador, vivendo a ilusão que de repente, uma web page linda e totalmente inédita vai aparecer na sua frente.

caralho, eu não sei escrever sobre isso.