23/03/2010

Visco

É que às vezes não dá pra dizer. A língua trava, o pensamento emperra e só me resta te observar.

Queria dizer palavras doces, dessas que derretem na boca, pra você não me achar tão frígida, nem coração-de-pedra, mas a trava línga e o pensamento pára.

Gosto do seu carinho. Gosto tanto quanto gosto da sua brutalidade, ainda que ela não seja assim tão evidente pra quem te observa de fora pra dentro.

Meu bem, às vezes eu não consigo dizer, mas a palavra se torna um visco, um castigo, uma coisa que não consigo cuspir da garganta, martírio filho da puta que insiste em me tirar do sério.

Quero mais um abraço, mais um beijo, mais um tapa, mais de querer ser sua e querer ser meu.

Ai, ai de mim.

16/03/2010

Momento, caneta, papel

Ele toma um novo rumo. O que antes era um amontoado de caracteres melados e sem pudor de o ser, agora são polidos ou enferrujados, qualquer coisa, menos o que eram antes.
To aqui pensando que na maior parte do tempo, minha vida foi muito nojenta. A prova está no meu teclado, grudento de lágrima, suor, porra e saliva. Por entre as teclas, tem caspa, fio de cabelo, pedaço de unha e pele.
Caralho, faz quanto tempo que estou sentada aqui? Eu quero ler, fumar, sair, beber, trepar e encontrar mensagens subliminares nos gibis da Turma da Mônica.
Qual foi a ultima vez que me encontrei comigo mesma? Nem a minha respiração eu sinto mais. Quero meditar, ficar bêbada e tentar correr pelada em um capo de futebol. Ok, nada de campos de futebol (e nem de "cancela" o campo de futebol).
Vou deitar no chão, lamber o taco, encerar a sala com a língua. Empregada-submissa-alucinada, com o batom (na boca fina) vermelho borrado, quase que servindo de blush. Nem sei escrever "blush", só to virando moça agora, passei esse pó vermelho nas bochechas duas vezes na vida.
Minha bunda adormece na cadeira e eu dou graças à qualquer divindade por ele estar tomando um novo rumo. Vai continuar assim, prostituído, sujo, com cheiro de sexo de ontem, cheio de confissões. Mas agora, com um novo rumo. Já disse: polido ou enferrujado, qualquer coisa, menos o que era antes.

Orgasmo

-Geme, sua cachorra. Se eu to te batendo, é que é pra você gemer.

11/03/2010

Tripa, porra e morte

Eu pisei na minha porra que tava no chão: escorreguei, bati, a cabeça e morri.
Morri, mas continuava vendo e eu via ela esfregando os peitos nas costas dele e eu chegando e arrancando as tripas dela pelo orifício anal, puxando com a mão de um jeito IN TER MI NÁ VEL.
Puta que pariu, quanta tripa, hein sua vaca?
Eu morri porque pisei na porra que tava no chão. A porra era minha, eu pisei e morri, então a culpa de ter morrido é minha e de mais ninguém. Morri porque gozei e eu só gozei porque queria morrer.
Gozei, mas continuava dormindo e nem sentia os lençóis molhados. Nunca vi tanta tripa na minha vida.

09/03/2010

O sono
está
fazendo
meu
rosto
der
re
ter.