14/05/2009

É hora de contar carneiros

Eu já fumei todos os cigarros e ouvi todos os sambas que poderia. É hora de contar carneiros.
Quero colocar os pés na terra, no pó fino e morno.
Já me decidi. Da proxima vez que eu voltar em casa, pego o pandeiro do meu pai e o trago comigo. O tesouro daquele negro, com a bandeira do Brasil e a nota fiscal que eu nunca tirei da bolsa agora vai estar mais proximo de mim.
É o batuque que ouço. Estou no meu quintal, debaixo do velho pé de jaboticaba. O chão é frio por causa da sombra, aqui cheira terra. Aqui é que é meu lugar, estão todos lá dentro fazendo pizza, em cima da mesa de mármore que eu vou quebrar mais tarde, com 9 anos de idade.
Que estranho, eu pensei que meu coelho havia morrido, mas por sinal, ainda não foi pisado pela minha tia gorda.
Será que meus dentes estão em cima do telhado? Mamãe dizia que pra nascer outro, era preciso jogár os velhos em cima da casa.
Esse quintal de cimento que há muito eu desconhecia agora me é tão familiar...
Não preciso chorar mais por causa do meu pitangueiro, meu avô ainda não o podou. A pólvora deve estar no lugar de sempre, assim como meu cavalinho de pau e o papagaio mal'acostumado.
Por deus, eu quero morrer aqui.

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