10/11/2008

O início de tudo

O início de tudo


Aula de matemática. Sono. Vontade de escrever.
Comecemos então pelo início de tudo, que eu julgo ser na morte. É a partir da certeza da morte que o ser humano começa a pensar na sua existência na Terra, surgindo pensamentos mais ou menos assim:
“Se todo mundo vai morrer, pra que se preocupar com a vida? Pra que poupar dinheiro, fazer comida, assistir televisão e escrever carta de amor se um dia todos iremos simplesmente morrer?”
A morte, além de inevitável, é imprevisível. Imagine só, minha avó fazendo os biscoitos de polvilho que eu tanto odeio de repente um meteoro cai em sua cabeça. A velha morre e eu me pergunto se isso é ironia do destino.
Tem gente que morre com um raio na cabeça, com coice de vaca, prego no pé e ate piercing no umbigo.
Morrem, apenas morrem.
Acredito que a vida seria mais tranqüila se todos pensassem como eu. Ao aconselhar meus filhos e netos, direi:
“Não se preocupe se todos os seus amigos te traíram, se você perdeu todo o seu dinheiro e sua mulher te chifra com quatro caras ao mesmo tempo, porque você vai morrer mesmo.”
O mais frustrante de tudo é imaginar quantos vermes vão se alimentar do meu corpo. Tomara que morram de diarréia.
Tem gente que tem medo do jeito que vai morrer. Eu não tenho. Sofrimento e dor são coisas tão relativas que muitos gostam de apanhar. Apanhar na bunda, na cara...
Tem gente que quer ter outras vidas. Pois que volte você em forma de borboleta. Eu não quero vir nunca mais.
Porque todo mundo não compra uma cerveja, vai pra beira de uma cachoeira, faz uma fogueira, olha pro céu e espera pra morrer? Porque ninguém se conforma com a própria morte. Querem viver e esquecer que um dia vão partir e deixar todo o seu trabalho pra trás.
Grande bosta escrever tudo isso se o meu fim é o mesmo do seu, pobre leitor.
Me dá licença que vou comprar algo pra beber. Descansem em paz.

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