06/01/2010

Madah, para os mais íntimos

Cabelo escuro, encaracolado, caindo sobre o ombro. A alça do sutiã aparece, fina, cor de rosa que quer ser vermelha. Os seios, muito brancos, deixam aparecer veinhas azuladas que são discretas e tímidas. As unhas estão pintadas de um vermelho escuro, tão clichê quanto bonito, reluzente com duas camadas de esmalte.
Ela passa o corpete por trás das costas, e o segura com as pontas dos dedos para abotoar em frente os seios: está se vestindo. O tecido firme faz com que suas formas sejam realçadas e, de um outro ponto de vista, aprisionadas, remoldadas.
Não usa batom nos lábios, e, mesmo se usasse, não seria motivo pra impedir a quantidade de palavras torpes que de sua boca são lançadas. É que Maria Madalena (Madah, para os mais íntimos) não faz questão de ser fina.
Há quem diga que Maria precisa de uns bons tapas. Já teve vários homens, transou em todas as posições possiveis e em todos os estados de espírito existentes. Ela quase transpira sexo.
Se olha no espelho, ensaia seu melhor sorriso. Admira seu corpo refletido naquele pedaço medíocre de vidro e tem certeza de algo, um pensamento que há muito vaga a sua mente.
Ela quer alguém, mas não um alguém qualquer. Maria Madalena procura por alguém capaz de lhe roubar flores e de sobre a cama, além de a chamar de seus vários nomes e pseudônimos, dizer que a ama. Afinal de contas, Maria-prostituta também tem seus sentimentos.

Um comentário:

José Abrão disse...

gostei muito. às vezes até o que parece as mil maravilhas carece de sentimento e parece que ninguém a não ser quem o sofre, percebe.